Três gerações do stand-up mostram como o humor se tornou um retrato sensível do país entre gargalhadas, crítica e afeto

Nesta quinta-feira (6), o Brasil celebra o Dia do Riso e poucas expressões artísticas representam tão bem esse espírito quanto o stand-up comedy. Mais do que um gênero de humor, o formato se consolidou como um verdadeiro movimento cultural no país. Desde os anos 2000, quando conquistou bares e teatros, a comédia de observação ganhou força como uma forma de expressão livre, direta e profundamente conectada ao cotidiano. No palco, o comediante assumiu o papel de cronista do Brasil real, transformando experiências pessoais, dilemas sociais e pequenas situações do dia a dia em reflexão e gargalhada. Hoje, o stand-up está entre os gêneros mais populares do país, presente nos palcos, nas plataformas digitais e nos serviços de streaming.
Dentro dessa trajetória, três nomes simbolizam diferentes fases e linguagens do humor brasileiro: Renato Albani, Maurício Meirelles e Raphael Ghanem. Juntos, representam a consolidação do gênero, sua transição para o digital e a expansão internacional da comédia feita no Brasil.
Renato Albani, o cronista do riso, é um dos principais nomes do stand-up nacional. Seu humor de observação transforma o cotidiano em espetáculo. Em 2024, realizou mais de 290 sessões lotadas, com 255 mil espectadores e apresentações em 100 cidades. Em 2025, já ultrapassa 170 mil pessoas e 97 cidades visitadas. No YouTube, o especial Assim Caminha a Humanidade soma mais de 3 milhões de visualizações, consolidando-o como fenômeno multiplataforma, com quase 600 milhões de views no total. Em novembro, Albani leva sua nova turnê a Portugal, ampliando ainda mais sua presença internacional.
“A comédia é sobre identificação, se reconhecer no outro. Quando o público ri, ele não está rindo de mim, está rindo de si mesmo, das próprias contradições. É isso que torna o humor tão humano”, diz Albani.
Se Albani representa o cotidiano transformado em crônica, Maurício Meirelles traz o olhar crítico e provocador do humor. Jornalista e publicitário antes de subir aos palcos, ele se tornou referência em comédia inteligente e reflexiva. Revelado no CQC (Band), entre 2011 e 2015, Meirelles criou o icônico quadro Webbullying, sucesso com quase 1 bilhão de visualizações. Atualmente, apresenta o programa Aberto ao Público, na TV Globo, e comanda o canal Achismos TV, no YouTube, que reúne quase 5 milhões de inscritos e 273 milhões de views. Com 2,2 milhões de seguidores no Instagram, ele reforça que o riso também é pensamento.
“Fazer rir é também fazer pensar. A graça, pra mim, está em provocar, rir junto de um incômodo, e não fugir dele. O humor é o jeito mais leve de falar do que é pesado”, afirma.
Fechando essa tríade, Raphael Ghanem representa a nova geração que nasceu nos palcos e conquistou a internet. Com humor leve e carisma espontâneo, iniciou a carreira aos 16 anos e vive do stand-up desde 2009. Fenômeno digital, acumula 9,8 milhões de seguidores no Instagram, 1,43 milhão no YouTube e mais de 248 milhões de visualizações. Em 2025, levou mais de 30 mil pessoas aos teatros em Portugal, consolidando a comédia brasileira também no exterior.
“O humor tem esse poder de aproximar as pessoas. Às vezes, a plateia está me vendo pela primeira vez, mas em poucos minutos estamos rindo das mesmas coisas. É como se o riso criasse um lugar seguro, onde todo mundo esquece um pouco dos problemas e se reconhece no outro”, diz Ghanem.
No Dia do Riso, o humor brasileiro celebra sua pluralidade e maturidade. Albani, Meirelles e Ghanem mostram que o riso vai muito além do entretenimento, é identidade, crítica e afeto. A comédia tornou-se um retrato sensível do país, um espaço onde o cotidiano se transforma em reflexão e leveza. Nos palcos, nas telas e nas redes, o stand-up brasileiro se reinventa a cada geração, mantendo viva a essência da observação e do improviso.
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