O Dia de Finados, celebrado em 2 de novembro, marca o momento em que o véu entre os mundos se abre e as Almas se aproximam da Terra, trazendo consigo a energia da transformação, da justiça e do encerramento dos ciclos.
É o tempo em que o campo espiritual vibra na linha da Calunga, e as forças da morte caminham em harmonia com as forças da vida.

Neste período, o silêncio é mais profundo e a magia mais densa.
As Almas são reverenciadas com velas brancas, flores e copos d’água, símbolos de luz, pureza e caminho.
Não se trata de culto à morte, mas de reverência ao mistério que transforma, limpa e renova.
A morte, dentro da Quimbanda, é força viva — é o ventre espiritual que encerra o velho para permitir o nascimento do novo.
Durante o mês de novembro, as vibrações das Almas e dos Exús de Calunga se expandem com intensidade, formando o ponto máximo de poder mágico do ano.
É o período em que as fronteiras entre os planos se tornam mais frágeis e tudo o que está pendente espiritualmente pode ser resolvido.
Nesse campo de força, a Quimbanda manifesta seu duplo poder: a magia que constrói e a magia que destrói, ambas sustentadas pelo mesmo mistério.
É nesse tempo que se realizam os trabalhos de firmeza, purificação e libertação, as quebras de demandas, desmanches e rituais de caixão, que simbolizam o sepultamento das energias negativas, o fim dos ciclos e a libertação das amarras espirituais.
Mas também é o período em que se trabalham as magias positivas, voltadas à prosperidade, proteção e fortalecimento, pois o mesmo campo que corta e encerra também pode renovar, abrir e reconstruir.
As Almas e os Exús de Calunga caminham juntos, movendo forças de justiça e equilíbrio.
Nada é apenas luz, nada é apenas sombra — tudo é movimento, retorno e lei.
Por isso, o mês de novembro é temido pelos que desconhecem o mistério, mas reverenciado por quem o compreende e o serve.

Ao final do mês, quando as Almas se recolhem, realiza-se o Ritual de Encerramento e Recolhimento, momento de fechar as passagens abertas, firmar as forças trabalhadas e devolver ao mistério tudo o que foi movimentado.
É o ponto máximo da Calunga: a morte simbólica das energias antigas e o renascimento do poder no silêncio do mundo espiritual.
A Quimbanda então silencia, as Almas descansam, e o novo ciclo começa a se preparar para nascer.
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